09 julho 2012

correio das ilhas III (14)

Olá, olá,

Hoje, por causa daquela maldita mania do "não há almoços grátis" enchemos não sei quantas centenas de garrafas de vinho - valeu a pena, o almoço da quinta era arroz de feijão e entrecosto grelhado na lareira da cozinha velha. Vinha de lá um cheirinho... entrei na cozinha, com vontade de reler A Cidade e as Serras. Aquela cena do arroz de favas foi aqui, só pode ter sido nesta cozinha e com estas cozinheiras de sorriso aberto.
À tarde os rapazes atravessaram o Douro a nadar. O Matthias despediu-se de mim com um abraço, dizendo que foram uns anos muito bons. Grande gozão. Lá foram eles, e voltaram. Ufff.
Ao fim da tarde apareceu aqui um casal de suecos. Andavam sem rumo, e ficaram para jantar e dormir. Estão a ter o serão da vida deles, e nós também: alheiras feitas na quinta, o fantástico empadão da Aninhas, tudo regado com diferentes Portos e cada vez mais gargalhadas. No fim do jantar, concerto: guitarra, acordeão, cavaquinho, gaita de foles, gaita de beiços, piano. Agora mesmo, é o Matthias a tocar Mussorgsky, Uma Lágrima. Vou parar aqui, que isto é muito bonito.





3 comentários:

Carla R. disse...

A Aninhas ! E atravessaram mesmo o Douro a nado! Então os teus postais são mesmo reais. Posso ir para ai amanhã ? Espera, Sexta feira ?

Mar* disse...

De repente, através das tuas palavras que tornam esse lugar (que me parece tão familiar) ainda mais bonito, sou transportada para a cozinha da tia Alice, para o lagar de casa dos meus avós, para a mesa de pedra do Vale, para as alheiras enchidas ao som da voz do Melro, para as águas dos rios e riachos que correm livremente algures pelo Minho, o Douro e Trás-os-Montes e para tantas outras memórias felizes, cujo sons, tons e cheiros enchem agora a madrugada, fazendo o impossível: remetendo um dia mau para o esquecimento e pondo-me um sorriso rasgado no rosto. Olha, se eu mandasse etc e tal, cada português tinha que ler um texto teu por dia, no mínimo - daqui a nada éramos o povo mais sorridente dos arrabaldes :)

(Aproveita!!!)

(Ah, e ;) para o Matthias!)

Helena Araújo disse...

Existe, poios!
Por acaso näo era má ideia vires meter-te na casinha junto à piscina no meio da vinha, e deixares-te apaparicar pela Aninhas. Era uma variacäo gira da tua mäe. Tambémm podes trazer a tua mäe, claro.
Na sexta feira já estamos em Lisboa. Na quinta feira andaremos a fazer canoagem depois do anoitecer, nos confins do Alentejo. Ou a ver estrelas por um telescópio. Depois conto-te, às tantas ainda desistes de ir ao norte e vais para as planícies.

Mar,
olha que fazer os portugueses sorrir é a tarefa do Cristiano Ronaldo... ;-)
Pois, parece que partilhamos muitas recordacöes iguais, vindas desse tempo de gestos e ritos comuns a um povo - quando a cultura do povo fazia parte da nossa vida.

(ainda bem que näo te deixam mandar, hehehe)