28 maio 2012

Roma! (4)


Saímos pela cidade sem destino, e fomos ter aos jardins da Villa Borghese.



Tivéssemos sabido de antemão para onde íamos, e não tínhamos andado quilómetros e quilómetros para chegar à Villa Giulia, onde entrámos já cansados. De modo que fomos logo para a cafetaria. O Joachim deitou-se a dormir num banco do jardim, enquanto nós nos fazíamos à colecção etrusca. Depois veio ter connosco, ainda chegou a tempo de ver 30.000 das 40.000 peças. Ou seriam 300.000 das 400.000 peças?


A Villa Giullia era a villa suburbana que o Papa Júlio III mandou fazer nos arredores de Roma em mil quinhentos e tal. Por trás da fachada, banal à maneira de Roma (ou seja: equilibrada e linda) abre-se um pátio semicircular surpreendente, e por trás deste um segundo, cavado na terra, que cita as formas do edifício anterior. E por trás desse, um terceiro.






Aposto com quem quiser que o pobre Júlio III era um bocadinho pitosga. Nem conseguia ver as maldades dos desenhos que lhe fizeram no tecto da galeria semicircular. Os malandros dos pintores do Renascimento aproveitaram, pintaram o que lhes apeteceu, e se lhes apeteceu!, e provavelmente no fim apresentaram uma continha choruda, os maganões. E o papa olhava para aquilo e pensava que seriam anjinhos e paraísos celestiais - imagino mesmo o ar de beatitude nos seus olhos piscos.








O melhor é mudar de assunto, porque estou a aproximar-me perigosamente de alguma metáfora sobre os problemas de visão da Hierarquia da Igreja Católica quando pensa que nos aponta caminhos para o paraíso. Como ia dizendo: a colecção etrusca era muito interessante, sim senhores, uma coisa muito catita. Hei-de voltar ao Neues Museum na ilha dos museus, e ver as peças que lá têm com mais calma. Geralmente passo por essas salas a correr, porque me interessa mais o resto da colecção do museu (Grécia e Roma), mas agora, que sei o que sei hoje, irei em busca das cenas familiares, da representação das mulheres e dos retratos que não idealizam as pessoas. 


Jantámos no restaurante La Carbonara, em Campo de' Fiori, junto a uma das janelas para a praça. O problema dos restaurantes em Roma é que nós vamos em busca do sublime e só nos servem o excepcional, pelo que nos sentimos sempre um pouco frustrados nas nossas expectativas.

2 comentários:

sem-se-ver disse...

meu deus...!

Paulo disse...

Tenho para mim que os pintores davam umas liras por fora ao oftalmologista do papa para ele não lhe mudar as lentes e eles poderem continuar a pintar putos danadinhos para a brincadeira. Ou será que tudo isto era encomenda juliana?