18 abril 2012

a minha vida a atrapalhar a minha vida (2)

 (fonte)

Devido a comentários feitos no post anterior, é necessário fazer uma pequena adenda.

Ora bem: isto não é uma pedra. Isto é uma homenagem que as pessoas da minha rua vão prestar aos trinta judeus que foram levados daqui para serem assassinados em Auschwitz. É o funeral simbólico de trinta vítimas de um crime inexplicável.

Eu estou dividida entre o dever-lhes essa homenagem (e nem que houvesse aqui cinco mil pessoas, mas não, vão ser poucos) e o prazer de passar um serão a conversar com uma pessoa que me é muito importante. Nem cheguei sequer ao ponto de me perguntar se ela me perdoa (eu sei que ela entende isto, como eu entenderia que ela não viesse almoçar a minha casa para ficar a bloquear uma rua do outro lado da cidade para impedir uma manifestação de neonazis), ainda só estou naquele egoísmo de "e eu? e eu?" - ando há tanto tempo a sonhar com esse fim de tarde do dia 7 de Maio!

Claro que a homenagem se faz sem mim. Mas uma parte de mim faz-se com esta homenagem.
E outra parte faz-se em conversas com aquela amiga.
E agora, José?

(agora, vou pensar numa terceira via, que não me obrigue a ter de escolher ou isto ou aquilo)

6 comentários:

sem-se-ver disse...

('pedra' foi a maneira simples, directa, rápida e meia tonta de identificar um dos lados do dilema; já tinhas explicado que 'pedra' era essa.)

(daqui a pouco temos a PJ a olhar desconfiada para esta sucessão de posts e comentários - 'oh pra elas a assobiar pro lado a ver se não percebemos que falam é de uma carga de haxixe vinda em bote a remos do norte de áfrica!')

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Bom dia!

Muito triste o que aconteceu com os judeus,homenagem linda.
Grande abraço se cuida

Helena Araújo disse...

Sem-se-ver,
eu percebi o contexto em que tu usavas a palavra "pedra" (haxixe, claro)
Esta resposta era mais para o meu amigo cjs, que estava a falar entre escolher uma pedra e um dia com uma amiga.
Eu já sabia que ele é um amigo especial, e agora acrescento mais um especialíssimo em cima da conta em que o tinha.

Helena Araújo disse...

"a vida é um eterno aprendizado",

"muito triste", neste contexto, não é a expressão adequada. Não há palavras para descrever este horroroso crime cometido a sangue frio ao longo de vários anos. "Muito triste" é uma expressão que fica a anos-luz do que aconteceu.

A homenagem também não é "linda". Esperamos que seja digna - embora muito aquém do que a memória destas pessoas exige.

Desculpe corrigir-lhe as palavras, mas devo isso às pessoas que foram vítimas deste horror. Não se pode banalizar, e usar para eles palavras que também se usam para descrever coisas mais banais do quotidiano.

jj.amarante disse...

Eu também não gosto de escolher, como já disse aqui (http://imagenscomtexto.blogspot.pt/2008/09/escolha-e-o-iberismo.html), embora essa minha referência não ajude para este caso. E tenho-me esquecido de agradecer a supressão do teste rigoroso para ver se eu era um robot, que existia nesta caixa de comentários e que me fez duvidar da minha pertença à espécie humana, tantas eram as vezes que falhava.

Helena Araújo disse...

jj. amarante,
sempre às ordens!