14 setembro 2011

obsolescência programada



O filme tem mais de cinquenta minutos, pelo que vou resumir, que bem sei que a vossa vida não é só isto.
Em suma: para que a economia cresça, é preciso produzir cada vez mais. Produzir cada vez mais pressupõe que haja procura para essas quantidades. Uma maneira de provocar procura é fazer com que os produtos durem cada vez menos. Lâmpadas, meias de nylon, i-pods, impressoras, etc. - são exemplos de produtos concebidos de modo a ter - propositadamente! - um tempo de vida bastante curto.
Termina, como não podia deixar de ser, com a teoria do decrescimento, e uma citação de Gandhi: "no nosso mundo há recursos suficientes para suprir as necessidades de todos, mas não a cobiça de alguns".

Uma passagem do filme é particularmente interessante: no bloco comunista não havia recursos para desperdiçar, pelo que um princípio essencial da produção era conceber produtos tão resistentes e duráveis quanto possível. Na RDA havia uma fábrica de lâmpadas eléctricas que, ao contrário das ocidentais, eram feitas para durar muito. Quando apresentaram esse produto na Feira de Hannover, convencidos que arranjariam imensos clientes no Ocidente, os outros riram-se: "vocês querem perder o vosso emprego?" - e eles responderam: "não; queremos poupar as matérias-primas para termos este emprego durante muitos anos."
Após a reunificação alemã a fábrica foi fechada.
Este é mais um dos exemplos - que eu desconhecia, até hoje - do que correu mal entre as duas Alemanhas, por a RFA ter simplesmente imposto a sua lógica à RDA. O mundo teria lucrado se tivesse havido uma melhor articulação das duas lógicas, e mais abertura aos elementos positivos que a RDA trazia. E a Alemanha reunificada perdeu uma bela oportunidade de ser pioneira no mercado mundial dos produtos que o mercado futuro exigirá cada vez mais - em tempo de preocupações de sustentabilidade, de cada vez maior escassez de materiais de produção e de elevados custos de transporte.

4 comentários:

sem-se-ver disse...

ja tinha visto um doc sobre este assunto (e falado dele aos meus alunos), mas penso que nao é este, pois nao me recordo desse exemplo que dás e que - ai, tempo e paciencia houvera - daria para falarmos muuuito tempo.

vou verificar.

sem-se-ver disse...

(carreguei, foi este mm; mantenho que não fixara o exemplo que deste)

jj.amarante disse...

Tenho as maiores dúvidas sobre esta teoria da conspiração em relação a este caso específico. A explicação que me parece mais provável é que as lâmpadas de menor duração saiam mais baratas e como é muito difícil para o consumidor distinguir entre lâmpadas mais e menos duráveis, acaba por optar pelas mais baratas, favorecendo a produção deste tipo em detrimento das outras. As associações de consumidores, ao fazerem testes independentes, ajudam a sair desta situação. De qualquer forma agora as de baixo consumo destronaram as de incandescência.

Helena Araújo disse...

viu aquela lâmpada que funciona há 100 anos? mais barato que isto, acho que é difícil...

Lembro-me de o meu pai ter falado disto há mais de trinta anos. Truques para aumentar as vendas: reduzir a vida das coisas, ou aumentar as quantidades de uso (por exemplo: alargar o orifício de saída da pasta de dentes, porque a gente põe um determinado comprimento, e não um volume, na escova de dentes.