22 setembro 2011

há dias em que gosto muito da polícia

Hoje, por exemplo: ao subir a rampa de acesso à estação de Wedding reparei numa senhora de idade que estava a rapar ervas daninhas do passeio. "Que estranho", pensei, "não me digam que agora o Estado obriga mesmo os dependentes da segurança social a prestar serviço público? Nesta idade?"
Aparentemente não era nada disso, mas uma velhinha com as ideias um pouco baralhadas. Dois polícias terão talvez pensado o mesmo: foram ter com ela, o homem ficou de pé e a mulher polícia baixou-se para falar com a senhora olhos nos olhos.
Eu segui para o meu comboio. Nas escadas vi-as de relance: de cócoras ambas, no meio do passeio já bastante rapado, a sorrir uma para a outra.

6 comentários:

Mery disse...

Olá, bonito isto que contaste, eu fiquei admirada, os policiais daqui são tão estúpidos, mas isso nos mostra que existem pessoas com bom coração...ainda.
Beijinhos da Mery*

SofiAlgarvia disse...

Gestos muito simpáticos e cordiais, estão com certeza associados à educação desse povo, Helena!

Gi disse...

E aposto que também sorriste :-)

Helena Araújo disse...

Mery,
ainda, e sempre - acredito eu.
Muitas vezes fico agradavelmente surpreendida com o lado "assistente social" dos polícias alemães: o modo como os polícias abordam pessoas que estão em dificuldades, seja pessoas com problemas mentais, seja embriagados caídos no passeio.

SofiAlgarvia,
desconfio que aqui ensinam aos funcionários públicos que são pagos por este povo para lhes prestar um serviço. Não é só os policias, é também o pessoal do atendimento nas repartições, e muitos etc.
Quando era professora, a minha sogra tinha muito claro que estava a prestar um serviço baseado nos valores da constituição alemã. Não fazem isto por menos.

Gi,
claro que sorri. Iluminou-me o dia. :-)

SofiAlgarvia disse...

Pois é, Lena (desculpa, mas Helena é muito comprido), eu estou desconfiada que aqui ensinam aos policiais, e a todos os funcionários públicos, que os clientes, ou o povo, são todos os chatos e não se lhes deve dar muita conversa, para não atrasar o serviço...

A semana passada uma colega minha foi vítima de um assalto em casa, uma situação de fraude bem montada e ela caíu. Ao ligar à polícia para dar conhecimento do sucedido e poder apresentar queixa, na tentativa de reavaer o computador portátil e as duas máquinas fotográficas que lhe levaram, a resposta obtida foi: a Sra vá amanhã bem cedo à Feira da Ladra, que certamente estarão lá as suas coisas à venda!

Helena Araújo disse...

Olá Sofia (pois, SofiAlgarvia também é demais...) (esse teu comentário sobre o tamanho do meu nome é muito engraçado - de facto, Helena é mais o meu nome de guerra)

Essa história aconteceu aqui também, tal e qual, à Rita Dantas. Roubaram-lhe a bicicleta, ela foi à esquadra, e lá disseram-lhe onde a podia ir encontrar à venda no dia seguinte. E ela foi, encontrou, agarrou-se a ela. Mulher de força!
E a mesma Rita já viu polícias alemães a bater violentamente em manifestantes.
Parece que também por aqui há de tudo...